Descrição
As sexualidades têm se tornado, gradualmente mais, objeto privilegiado do olhar de vários profissionais, tais como cientistas, antropólogos, educadores, etc. São várias as tentativas de compreensão e de definição de um campo da vida humana que foge às divisões binárias. Como educador-pesquisador, Jaciel Santos apresenta-nos formas outras de pensar a diversidade sexual, a partir do seu olhar de dentro; da perspectiva de um professor da escola básica que, há uma década, dedica-se à pesquisas sobre processos de (in)visibilização das sexualidades não hegemônicas no currículo.
Obras desse porte, podem auxiliar na pavimentação de um mundo em que as diferenças não são vistas como desigualdades; um mundo em que os guetos podem ser vistos como territórios; é uma tentativa de fazer com que sujeitos a quem foi negado o poder da enunciação, possam unir suas vozes em coros para denunciar as barbáries que a sociedade e a escola cometem aos/às que não obedecem à heteronormatividade compulsória.
Com este estudo pós-estruturalista decolonial resultante da pesquisa do tipo etnográfico de mestrado, na qual se põe junto com os outros fazedores da educação, ele nos apresenta uma lógica de negação, apagamento e estigmatização de certas subjetividades. A partir da análise de duas escolas da rede pública de Ibititá, pequeno município do centro-norte baiano, marcado por costumes e valores escorados no machismo e patriarcalismo, ele nos mostra como se dá os processos de segregação das “diferenças” (de)marcadas por performances homolesbotransfóbicas.
O autor faz uma rememoração de quantas muitas violências infames são praticadas aos/às estudantes e docentes que não se ajustam aos arquétipos da heterossexualidade, ao voltar ao tempo de estudante da mesma rede pesquisada e depois de tornar-se professor. Essa digressão temporal que ele empreende dá-nos uma ideia do quanto os/as LGBTQIAPN+ sofrem com processos de exclusão, apagamento e invisibilização nas práticas escolares.
A denúncia de tais violências realizada pelo pesquisador vem acompanhada de um anúncio de outro mundo possível. Ele apresenta-nos conceitos, reflexões, informações e dicas valiosas que podem nos instrumentalizar como LGBTQIAPN+, como docente e como pais/mães no combate às diversas formas brutais de (re)negação de sujeitos de sexualidades não hegemônicas. Marcella Alves.
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